quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Deus é jornalista


Dizem que jornalismo é mais sorte do que talento, apuraçao e transpiração. Não duvido. A sorte , quando anda ao lado do repórter, ajuda muito.
Por outro lado, há uma corrente que diz: "Que sorte, que nada. É que Deus é jornalista". Ontem tive a prova e a certeza de uma maneira tão clara quanto água que isso só pode ser verdade. Se Deus tem uma profissão, é jornalista. Não dá outra. Me explico.

Estava eu acompanhando uma operação policial. Primeira vez que fazia isso. Todo mundo me disse que não tinha erro. Podia até ser, mas que tudo podia ter rolado pedra baixo (com trocadilhos por favor), ah, isso, podia. Enfim. No ponto de encontro, pegamos os endereços dos principais alvos. Para não perder o rastro dos policiais, muitos coleguinhas decidiram esperar pelos agentes no local em vez de seguir o comboio. Inclusive eu.

Só que me ferrei. Eles não estiveram lá. Ou deixaram para ir lá mais tarde. Sei lá. Liguei para um repórter que estava em outro endereço. Lá a polícia já tinha chegado. No desespero, fomos para lá. Não podiamos ficar sem imagem nenhuma. Antes de chegarmos lá, eles saíram da casa sem prender ninguém. O alvo não estava. Duas furadas. E agora? Decidimos ir para o segundo local de buscas para ver se fazíamos alguma coisa.

A caminho, encontramos o comboio da polícia. Nesse momento, que Deus, solidário com o meu desespero, corporativista, me colocou naquela rua. Putz. Começamos a seguir aquele carro e fizemos uma das prisões mais importantes da operação. Se isso não é sorte, eu não sei o que é. Estava vendida. Não tinha mais endereços e zero experiência nesse tipo de cobertura. Já estava preparando o discurso de derrota para o meu chefe, dizendo que havia tomado todas as decisões erradas...enfim.

Deu tudo certo. Porque Deus só pode ser jornalista e só podia estar com junto a todos os coleguinhas naquela furada. Não tem outra explicação. Se eu tomo a decisão cinco minutos depois, era a cena do filme "O curioso caso de Benjamin Button". Um fato levava a outro e tinha um monte de acontecimento em cadeia, e era eu quem perderia o momento do preso ir para a cadeia. Tinha me ferrado. Para retribuir, avisei outro repórter. Deus tem que continuar me ajudando, né? Eu agradeço ajudando os outros.