terça-feira, 12 de março de 2013

Profissão jornalística: estressante e idealizada

Li uma entrevista que trata de temas tão, mas tão importantes no jornalismo que decidi reproduzir alguns trechos e recomendar fortemente a leitura.

Trata-se de uma entrevista do pesquisador José Roberto Heloani ao Portal Imprensa. Desde 2003, Heloani investiga a relação entre saúde e a profissão jornalística.

[O jornalista] É um profissional que se tornou muito mais estressado do que era. Primeiro, ele não pode dominar só uma mídia. Ele é um profissional que precisa ser repórter, fotógrafo, motorista, às vezes, cuidar da própria segurança. Então, hoje, há maior incidência de um estresse patológico. Na primeira pesquisa, não víamos muita gente em estado de pré-exaustão ou exaustão, que é o caso mais grave. Na mais recente, começamos a ver pessoas debilitadas, em pré-exaustão, inclusive recorrendo mais a drogas lícitas e ilícitas.

O jornalista continua tendo uma identidade idealizada. Se você perguntar à população o que ela pensa sobre o jornalista, vai se falar que é um sujeito que denuncia, que sabe das coisas, enfim, a representação social é positiva. Por outro lado, a identidade real deste jornalista, sua vida concreta, é precarizada. Então há um gap, uma distância muito grande entre a identidade pessoal a representatividade social. Isso torna o jornalista muito inseguro e frustrado. 

A legislação é clara: são cinco horas, mais duas. Mas eu nunca vi um caso de um sujeito trabalhando sete horas. Eu vi 10, 12, 14 horas. Essas organizações acabam atuando à revelia da legislação. Ou você começa discutir isso para valer, ou não muda nada. Até porque a nova geração de jornalistas têm, realmente, aceitado qualquer jogo.


Fonte: http://portalimprensa.uol.com.br/noticias/brasil/57260/pesquisador+aponta+aumento+de+depressao+assedio+e+cocaina+entre+jornalistas

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